...Este, já era...

2010 não deixa muitas saudades...

Sem querer fazer qualquer referência individual seja a que acontecimento fôr , o ano que hoje acaba, marca o princípio de uma nova era na vida dos portugueses...
Sejam eles ricos (bastantes), sejam remediados (quase não os há) ou sejam pobres (quase todos e cada vez mais).
Nada será como antes e, para podermos viver de cabeça erguida havemos de nos lembrar de hábitos antigos, que hoje quase passam despercebidos...
Se 2010 não deixa muitas saudades, faço votos para que as exigências da nova década valham os esforços a que estaremos sujeitos...
Seja a quem fôr que me "espreite", votos de um melhor 2011...

..."A La Carte", não, obrigado...

Agradeço as sugestões da cada vez maior lista de Chefs especialistas em pratos de comida, mas nada melhor que o tradicional para festejar uma ceia de Natal ou uma noite de passagem de ano.


Há lá coisa melhor que um bom lombo de bacalhau, duas batatas, uma couves galegas, um bocado de repolho, tudo cozido num tacho comunitário , depois regado abundantemente, com molho de azeite fervido e cebola estalada ???
Que melhor nectar que o "verdasco" servido numa malga onde a família, religiosamente, deposita as suas securas e regressa com os lábios tingidos de vermelho-sangue ?
Querem melhor que um prato de mexidos feitos com carinho e paciência, sem pressas , onde o pão é "desfeito", quase grão a grão, acompanhado com mel puro de abelha, vinho-fino, nozes, uvas-passas, canela, enfim os ingredientes que engrossam este peso-pesado natalício ?
E que coisa melhor que as rabanadas de "cacete" guardado desde há dias na dispensa para ganhar "corpo", e cujas fatias, serão "afogadas" num molho único de sabores e odores e, depois, fritas em azeite "bem esperto" até atingirem a cor dourada que as torna peça rara da "relojoaria" gastronómica deste Minho que me viu nascer ?
Comidas e sabores "à la carte" e com todo o respeito pelos eruditos da cozinha, NÃO, obrigado !!!

Nada melhor que a tradição, a experiência dos antigos, a passagem do testemunho de avós para pais, de pais para filhos e o calor de uma lareira para tornar estas noites especiais em momentos que nem os livros conseguem descrever...


N.B.-Nestas noites especiais, até o meu fígado chora de prazer...

... A cada um, o Natal que cada um merece...

Falar sobre o Natal será, quanto a mim, um dos desafios mais difíceis que o ser humano tem pela frente, enquanto ser racional e provido de sentimentos.
As palavras de circunstância, os sorrisos carregados de hipocrisia, os gestos ensaiados e mecanizados durante meses a fio "no teatro do quotidiano", não conseguem disfarçar aquilo de que o egoismo, a inveja, a ganância, a repressão, o desamor, são capazes...
Como quase todos os comuns mortais, já fui testemunha previligiada desse tipo de manifestações...
Já senti isso na pele durante outras ocasiões e que se acentuam nesta quadra natalicia.
Não costumo ser muito expansivo nas alusões que faço e aos votos que formulo a quem, comigo,vive e convive.
Gosto do Natal que aprendi a construir à custa dos ensinamentos e da educação que herdei dos meus antepassados e procurarei transmitir àqueles que hão-de suceder-me...
Direi, até, que é o Natal dos simples e dos eternamente esperançados num Mundo diferente e melhor...por mais utópico que seja esse sonho !

...Preso por um fio...dental !!!

Viram aquilo ?
Eu vi !!!
Enquanto no parlamento se discutem assuntos importantes sobre o estado a que chegou este ESTADO, um deputado (?) delicia-se, vendo imagens de mulheres no computador posto à sua disposição no emiciclo !!!
A fonte de informação foi o "Noticiário das 20" da SIC que colheu o momento...ímpar(???).
Para ser sincero, já nada mexe com os meus sentimentos. Neste país a saque, tudo é possível.
Impossível é que alguém "os tenha no sítio", promova uma revolução e acabe com tanta usurpação...
Portugal está canceroso, sem defesas, sem gente capaz.
Portugal está nu...ou quase...
Portugal está para muitos e também para este despudorado deputado, preso por fio... dental !

...E, a morte, também ACONTECE...

"Era um homem que andava à procura de si próprio..."

Foi um ìcone que, na televisão, sempre me cativou...porque, sendo inculto, ando sempre na procura do saber.

Morreu o homem, fica a memória e a saudade de que a televisão do seu tempo era a televisão que muitos não mereciam, porque não era homem de televisão. Era homem da cultura e, hoje a televisão pouca cultura tem...
Sou desse tempo e do tempo em que o tempo parava para ver o ACONTECE.


Agora, quem mais poderá ficar em paz quando outras COISAS deixaram de acontecer por culpa de quase todos nós ?

E, assim ACONTECE, que CARLOS PINTO COELHO ficará ligado, para sempre, à memória daqueles que continuam à espera que essas outras coisas aconteçam...

...Coisas doces, tão azedas...

A notícia teve honras de grande divulgação.
-"Vários hipermercados estão a racionar a venda de açúcar..."
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"Principalmente, porque há falta de matéria prima".
Claro está que, com tanta "manchete" divulgativa só poderia acontecer uma coisa:
Enorme corrida às estantes das lojas e carrinhos de compras cheios de pacotes do dito.
Vi isto, claramente visto...
Ri-me, encolhi os ombros, não comprei e até ficaria grato se desaparecesse do mercado.
Por razões óbvias, pois, não sofrendo de diabetes, seria a melhor forma de evitar gastos com doçuras, com vários benefícios para a minha saúde e para a daqueles que comigo coabitam.
Nada tenho contra quem vive do negócio "açucarado" porque,... só o come quem quer.
Mas que a nossa saúde agradece, isso é uma verdade.
Porém, nada melhor que uma notícia alarmante e insistente para que o consumismo mostre as suas garras e os especuladores prosperem com o negócio.
E se fosse "só" com o açucar...

...Cada um, é para o que nasce...

..."diga ?"...
..."o que é ?...
..."o que foi ?"...
..."e...nós ?...
..."que quer ?"...
Etc..Etc...Etc...

"Perguntas" como estas, são o pão nosso de cada dia, de quem, acho eu, não tem a mínima noção daquilo que é estar atrás de um balcão. Daquilo que é suposto ser funcionário de um qualquer estabelecimento ao serviço do público. Público que, ao comprar, deve, pelo menos, ter direito em receber, também, um mínimo de formação ética , moral e profissional...de quem está do outro lado da "barricada".
No caso que me toca, de duas uma: ou sou muito "esquisito" porque "tomei muito chá" quando era pequeno, ou, então estou desfasado duma realidade que campeia, infelizmente um pouco por toda a parte...
Os grandes culpados nem serão,certamente, os empregados mas sim os empregadores que, à custa de "uma polivalência à la diable", não formam nem informam quem empregam, antes procuram gastar pouco e exigir muito a pessoas que acima de tudo querem ter um trabalho que lhes renda algum sustento.

Felizmente há excepções que confirmam as regras.

E é para estas excepções que eu "fujo", preferindo até pagar mais, mas ter outras contrapartidas oferecidas por quem já nasce para a profissão que desempenha...

É que, mesmo em época de Natal, ele há coisas que ficam muito mal !

...Mudam-se os tempos...

Há 370 anos um punhado de portugueses punha fim ao "jugo" governativo espanhol que durou seis décadas com os reinados dos Filipes, após a morte de D.Sebastião, em África e sem ter deixado sucessor legítimo.

A esta crise dinástica, juntava-se outro tipo de perturbações, como problemas sociais, políticos, geoetratégicos, económicos e, mais importante, a perda da independência.


De 1580 até 1640 não fomos NÓS ! Outros governaram aquilo que foi sempre nosso, um pouco à semelhança do que vai acontecendo, hoje, 1 de Dezembro de 2010.

Curiosa, mas tristemente, assisti ao um "Jornal Nacional/13 Horas" de um canal televisivo e...nem uma única referência à data ! O mesmo se passou num noticiário radiofónico das 8 horas da manhã...Esquecimento ? Propositado? Incómodo ?


Será, então caso para perguntar se faz sentido que hoje seja feriado, ou se a grande maioria dos nossos jovens conhece os factos de então, ou, ainda mais pertinente, pôr a mesma questão à "nova geração de políticos" se sabe que o 1º de Dezembro de 1640 aconteceu e que significado pode ter na sua actuação enquanto classe responsável pela salvaguarda dos verdadeiros interesses nacionais...

Se fôssemos profundos conhecedores dos valores que nortearam os nossos antepassados, numa História de Portugal, ímpar e rica, o HOJE seria bem diferente ao que possa ser a incerteza do AMANHÃ !