sexta-feira, 26 de outubro de 2007

...FUGAS...

Vi-te passar, fugias...



Corrias, sem poder olhar, para o mundo que um dia



Começamos a respirar.



Fiquei parado, e sabia



Um dia irias passar, no lugar das nossas vidas...



Pensei voar , erro meu, para te poder alcançar,



Era inútil, que utopia,



Fugias, porque sempre foges, dos sítios onde não posso estar...



E quando alguém como tu , consegue sempre fugir, não adianta tentar, nem adianta chamar...



Resta apenas chorar , resta apenas esperar que um dia , precises de respirar.



Espero sempre que voltes. Porque sei, hás-de parar



Nem que seja num momento, num dia que vai chegar.



Nessa hora, finalmente, verei teus olhos brilhar, nem que seja num suspiro, de corações a lutar...



Corações desesperados, fartos de tanto esperar



Rebentam dentro do peito,



Resistem ao grande defeito, em nunca quereres parar.

Na viagem que fazemos, às vezes em sentidos opostos

Pensa sempre nos desgostos, que me podes causar.

Pensa sempre que fugindo, nunca poderás evitar , mesmo por um instante,

A alegria do teu olhar.

Vi-te passar, e paras-te.

Sentiste não poder fugir

Passavas por mim, era dantes

Só pensas em respirar.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

..."É o fartar vilanagem..."

Um amigo de infância, que previligia, aqui e ali os prazeres de bem comer e melhor beber, alma aberta e coração de ouro, mas sem nunca perder as lucidez, numa das muitas conversas que mantemos, concordava comigo quando lhe afirmava andarem por aí a dizer que "isto" está mau...
Quando digo "isto", refiro-me, naturalmente a tudo que se relaciona com o aspecto monetário.
O dinheiro é a mola impulsionadora de todas as reacções que lhe estão directamente ligadas, sendo o principal motivo das boas ou más disposições do ser humano, é ele que regula as feições dos rostos das pessoas, até as suas formas de olhar seja o que for e para onde for.
Se o dinheiro não nos causa problemas ou ajuda a resolvê-los , há sorrisos nos lábios, caras abertas,
olhares doces e meigos, disponibilidade para com os outros, até educação e boas maneiras, ao contrário, se o vil metal escasseia, se as contas ficam por pagar e se o fim do mês ainda vem longe, há olhares distantes e tristes, rostos fechados e carrancudos, para não falar em casos mais extremos...
Porém, uma coisa é aquilo que todos dizem, outra coisa é aquilo que todos fazem e passa por uma realidade que o não é, antes todo um artifício que leva a pensar que somos gente em País farto. Paradoxo, ou não, somos povo rodeado de fartura. Senão vejamos:
Em qualquer lado se ouve dizer que há maridos fartos das esposas, sendo o contrário ouvir-se também. Os pais queixam-se fartos dos filhos pela falta de cumprimento dos principios éticos e da boa educação que lhes ensinaram. Estes, dizem-se fartos dos pais porque são demasiado exigentes.
Cá fora, e se repararmos no que nos rodeia, a fartura cresce de tom. Fartámo-nos de correr para chegar a tempo ao emprego. Fartámo-nos de trabalhar e o salário nunca é uma fartura farta, fartámo-nos de dormir depressa, porque as horas fartam-se de voar. Fartámo-nos de mastigar comida farta de produtos quimicos.E em pleno século XXI ainda continuamos fartos de tanto primitivismo numa sociedade farta de oportunistas, até naquilo que parece mais insignificante.
Apetece, portanto, gritar, raiando a heresia, que até os deuses devem estar fartos daquilo que o instinto animalesco dos homens provoca na procura das suas farturas.
Nestas coisas de fartura, O HOMEM É O PIOR INIMIGO DO HOMEM. Porque , quem tem muita fartura cada vez se preocupa em ser mais farto. Por outro lado, quem está farto de nada, farta-se de esperar que alguém se farte de ser egoísta, egocentrista, desgovernado e desavergonhado.
E aquilo que nos querem oferecer das suas farturas é intragável, provoca indigestões, mau estar, contracções num estômago social que ameaça rebentar com tanta fartura.
Valha-nos, para disfarçar, porque também somos capazes de mostrar o que não somos, que os nossos sonhos se enchem de ar e de vento e nunca desaprendemos de assobiar quando a fartura nos passa ao lado sem a conseguirmos agarrar...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

.."ELES NÃO SABEM NEM SONHAM..."

Em 25 anos muitas coisas acontecem na vida de qualquer pessoa.

Coisas há que marcam os nossos sentimentos, ao contrário, coisas houve que se varreram das nossas memórias. Ou por pouco importantes ou, e isso é indesculpável, porque delas nos esquecemos.

Adriano Correia de Oliveira morreu há um quarto de século. Outubro de 1982, dia 16.

Aprendi a respeitá-lo , a admirá-lo , e, principalmente , a tentar compreender sempre a sua menságem, vários anos antes. Em 1969 e 1970. Em África, Moçambique mais concretamente. Guerra colonial no seu auge. Já com ventos de mudança a soprarem quase de uma forma indelével...porque Adriano era ouvido, em silêncio, em recolhimento profundo, por uma geração que , quase sem saber como, era atirada para uma" luta " que só poderia ter um "vencedor": -A LIBERDADE !!!

A liberdade que também nós queríamos ....a liberdade de "ter sempre o mundo na mão"...

A liberdade que nunca deixou de ser nossa porque " não há machado que corte a raiz ao pensamento"...

Adriano e os outros-Zé Afonso, Padre Fanhais, Duarte e Ciriaco, Manuel Alegre, Manuel Freire, Vitorino, Zé Mário Branco e tantos outros que também, e à sucapa, ouvíamos nas casernas perdidas duma terra que "ficava do outro lado do mar". A terra de onde "muitos soldadinhos não voltaram" , e que hoje, como eu, prestariam uma singela , mas muito sentida homenagem ao trovador " das trovas do vento que passa"...

Ontem como hoje , amanhã mais que nunca , Adriano Correia de Oliveira, e as lembranças desse inesquecível antigamente , fará parte das vidas de quem NÃO DESEJA " que outros comam tudo e não deixem nada "...

domingo, 14 de outubro de 2007

...A grande viagem da nossas vidas...

"... E vós "cardeal" alguma vez amaste ?...

Oh sim, amei ! Era uma bela e pura donzela. Boca pequena, boca bela. Mas o pai, aquele estupor, casou-a com um "lavrador"

...E vós "cardeal" nunca mais a viste?...

Oh sim, vi-a, com um homem alto e "machacaz" que a tratava sempre à bruta...aquele filho da p...

...E vós "cardeal" o que sentiste?..."



Perdem-se na nossa memória momentos íntimos, que nunca partilharemos com ninguém...

Guardamos, porque fazem parte de nós próprios, momentos que só a morte apagará, mas que farão parte da grande viagem das nossas vidas, como é aquela que faremos do nascimento até à morada eterna. Aquela que será a última morada dum corpo, aparentemente forte, mas suficientemente vulneráve, frágil, às vezes indefeso, porque nunca temos a coragem de dizer, a quem amamos , tudo aquilo que por ela sentimos. E que bom é sentir nosso o que sempre desejamos, o que sempre idealizamos , aquilo que a nossa consciência, o vulcão dos nossos afectos alimenta até à" erupção final"...
Como é bom sermos donos das nossas escolhas , sem que um dia tenhamos que correr sem parar até encontrarmos aquilo que outros, prepotentemente, nos decidem ou querem roubar...
Ás vezes lutamos e conseguimos ser donos de nós proprios, dos nossos desejos, das nossas vontades.
Ás vezes, ou quase sempre e porque isso acontece, a viagem dos nossos sonhos, a grande caminhada das nossas vidas, abre-nos as portas da felicidade que NINGUÉM vai conseguir destruir...

"... E vós "eminência"... ides morrer feliz?...
Oh sim, porque não? Afinal ninguém é dono de ninguém e aquilo que me está destinado, tem a sua hora marcada!!!..."

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

...O que faz dormir mal...

... "Mais vale prevenir que...roubar..."

Foi esta a primeira frase dita por um ladrão, com duas galinhas debaixo do braço, aos agentes da polícia, tentando explicar-se pelo acto que, bem vistas as coisas não parece assim tão grave. Estupefacto, estava a vítima e dono do capoeira, perante tal desfaçatez...

Também é verdade que "ladrão que rouba a ladrão, tem cem anos de perdão" se entrarmos na óptica dos pobres bichos que, mais tarde ou mais cedo , têm uma panela à sua espera, não podendo, assim , gozar a liberdade que todos os animais, racionais ou não , têm direito...

Ora , perante dilemas diversos, os agentes, e bem , remeteram o assunto para o tribunal das consciencias dos intervenientes acabando o ladrão por se regenerar, passando fome, o proprietário dos galináceos achou justo conceder "amnistia" aos bichos , dando-lhes a liberdade, mas condicional (porque a condição final é sempre um apetecível arroz de cabidela), e a justiça foi na busca do cumprimento das suas obrigações , enquanto autoridades...

Afinal, o crime não compensa!!!

Afinal, no nosso dia-a-dia, mesmo prevenidos, somos permanentemente "roubados" das mais variadas formas e feitios...

Dámo-nos também à "caridade" de perdoar a muitos ladrões de" capoeiros," que não só nos roubam as "galinhas" como até os ovos com que procuramos fazer omoletas...

Dámo-nos ao luxuosos comodismo de aceitar desculpas esfarrapadas dos mesmos que, perante "os agentes " que nos defendem, prometem arrependimento lavado em rios de lágrimas...ate´à próxima oportunidade em que estejemos distraídos...

Moral desta complicada estória : São uns a fazê-los, outros a comê-los...
Afinal, o crime compensa, ou não????

PS-Se alguém perceber o que escrevi, que se acuse. Senão, cale-se para sempre...